Soyuigê é, segundo as lendas, a
cidade sagrada dos Dotans. Acredita-se que ela está escondida entre montanhas e
um desfiladeiro de uma ilha do arquipélago dotan e é o lar de seres de
linhagens ancestrais e de segredos de eras antigas.
Lá vivem muitos homens e mulheres
fortes, leais e justos, guerreiros valorosos e curandeiros poderosos. Acima de
toda este povo existe uma linhagem real muito nobre e respeitada encabeçada por
Oshummaê.
Os dotans parecem alheios a toda
a confusão entre os reinos humanos de Maedar. A sua preocupação é muito maior
do que as intrigas políticas do Conglomerado e da Aliança. Oshummaê deixa claro
a todo o seu povo qual o real perigo de Maedar: a inexistência da magia e a
falta dos deuses.
-O que impede de seres malignos
entrarem e destruírem Maedar? -Discursava certa vez o líder. - Não temos mais os deuses para nos proteger
nem a magia para nos resguardar! Isto é muito perigoso e bem sabemos que não
estamos sós neste universo. Se Akhitai regressar das profundezas ou se outros
seres surgirem de outros mundos, que forças teremos para resistir? Seria o fim
dos tempos! Precisamos fazer algo a respeito!
Três dias após este discurso no
conselho dos anciões Dotan, o líder chamou um de seus guerreiros mais fortes, BAL
BUURTHA, e disse:
-Arrume sua bagagem. Preciso de
você em uma missão muito importante. Partiremos ao amanhecer.
-Não tenho o que organizar,
senhor. Estou sempre pronto para o chamado.
-Pois bem. Descanse. Amanhã,
quando Babaluê retornar, partiremos.
Babaluê é um dos anciões mais
respeitados do seu povo. Vive em uma das ilhas próximas de Soyouigê e é o
encarregado de reger o povo quando Oshummaê ausenta-se.
No dia seguinte, BAL BUURTHA
percebe que apenas ele e Oshummaê partiriam em uma pequena embarcação parecida
com o trireme brookenstoniano.
Durante a viagem, BAL BUURTHA percebeu que Oshu estava constantemente em transe
e tinha a sua fronte envolta em uma pequena aura brilhante logo acima dos
olhos.
Após alguns dias de viagem, o
navio aporta em Zandak, a bela porta de entrada fluvial do reino de Murthaug.
***
A Guilda dos Ladrões de Zandak é
bem conhecida e respeitada na cidade. Comandada por um homem chamando Tom,
divide-se em dois braços: um encabeçado por Hunt, que trata de serviços mais
simples de infiltração, furto e espionagem; e o outro, regido pelo mouro Alzir,
onde trabalhos mais pesados, sujos e arriscados são contratados.
ADAGON HEAVYFOOT é um exímio
ladino e um dos integrantes veteranos desta guilda. Halfling descendente dos
Pés Pesados e órfão desde muito jovem, ele está cansado da remuneração baixa e
de trabalhos mais simples. Decide conversar com Alzir solicitar um trabalho.
-Em que posso lhe ajudar, ADAGON?
–Pergunta o mouro sem dar muita atenção ao halfling.
-Quero trabalho. -Diz
resolutamente.
O sublíder da guilda analisa o
pequeno ladino de cima abaixo e diz:
-Você já falou com Hunt?
-As missões dele não me
interessam. Pagam muito pouco.
-Você sabe que nem todos os
nossos membros tem o necessário para estas missões, não sabe? Você acha mesmo
que é capaz?
-Tenho certeza que sim.
Após analisar novamente o
halfling, Alzir começa a procurar algo em uma lista de papéis e parece achar o
que procurava.
-Eis: tenho um caso de
recuperação e finalização aqui perto, em Daeron.
-Recuperação e fina...
-A missão se subdivide em dois
pagamentos: queremos que os atores recuperem um papiro e matem algumas pessoas.
O contratante pagará 1.000 p.o por um papiro vermelho que se encontra no local,
provavelmente num local de destaque da biblioteca, e 500 p.o pelo assassinato
da família. A família, entretanto, é muito poderosa. São os Náilo.
ADAGON sabe muito bem quem são os
Náilo. São uma das famílias mais influentes e poderosas de Daeron, o reino
élfico do Império de Murthaug. A família, entretanto, é pequena, mas sua
linhagem remonta o Vale de Niebo e os Altos Elfos.
-Com você irá um outro membro da
nossa guilda. Você o conhece, é Damax. A noite ele levará o contratante a
Fatyir e você os encontrará para discutirem o trabalho.
-Combinado. Mas e quanto à
entrada ao estabelecimento? Ele não pagará? –Diz o halfling.
-Se você não consegue se
infiltrar em Fatyir, acredito que você não seja capaz de realizar esta missão.
Sem conseguir nenhum dinheiro
adiantado, o halfling se despede e espera anoitecer.
***
No movimentado porto de Zandak,
Oshummaê e BAL BUURTHA descansam em uma pequena tenda/taverna próxima ao cais. O
guerreiro tenta não demonstrar, mas se sente ao mesmo tempo incomodado e
deslumbrado com o local: os cheiros, o barulho, as pessoas, as construções e
edifícios, inclusive uma moça muito pequena (para ele), frágil e branca que
chega e tenta seduzi-lo. Ele não perde o senso de dever, mas perde uma de suas
espadas que fora furtado por essa moça. Oshummaê ri da situação e diz:
-Serve de experiência, BAL. Este
lado do mundo é diferente de tudo o que você viu até agora. E é provável que
você não volte tão cedo a Soyouigê.
O líder dotan então explica para
seu pupilo parte do que está por vir e o que eles vieram fazer ali.
BAL BUURTHA viajara até Zandak
para procurar um importante pergaminho que falava de uma profecia Weori, o povo
exterminado do deus do fogo Weor. Este pergaminho está, segundo o velho,
relacionado ao destino de Maedar. A noite os dois deviam se dirigir a um local
chamado Fatyir e ali encontrariam amigos de ideais.
No ocaso os dois rumaram ao local
citado. Foram praticamente os primeiros a chegar, apenas os funcionários e um
ou outro visitante estavam no estabelecimento. BAL, esperto, pegou a sua arma,
uma Corrente com Cravos, e a colocou ao redor do pescoço, como um colar. Na
entrada o segurança achou estranho, mas o tamanho e a aparência do dotan o
intimidou e ele nada disse.
Os dois se dirigiram ao último
ambiente da casa: a sala de leilão. Lá encontraram uma pequena senhora que os
recebeu com um sorriso meio desdentado e um forte abraço.
-Oshu! –Disse a idosa.
-Minha querida Grazzia! Como você
foi de viagem?
-Tudo bem, graças aos deuses. E
você? Como sempre, adiantado!
-Tão adiantado quanto você! –
Riu. –A viagem foi tranquila, sem percalços. Veja: esta é BAL BUURTHA. Ele veio
nos ajudar.
-Muito prazer, BAL BUURTHA.
Chamo-me Grazzia!
-Olá.
-Vamos, sentem-se. Logo os outros
chegarão.
Enquanto Oshummaê e Grazzia
conversavam em uma língua desconhecida, o grande guerreiro dotan observava o
ambiente. Não demorou para que ele reconhecesse um rosto feminino: o da moça
que o roubava. Ao vê-lo, ela sobressaltou-se e saiu apressada do ambiente. BAL
anotou mentalmente a presença da moça ali, mas nada fez.
Logo chegou um imponente kuddur.
Ele é apresentado a BAL BUURTHA como _________, um dos líderes de tribo kuddur.
Eles continuam a conversar e BAL BUURTHA vê um pequeno ser entrar no ambiente e
observar a todos.
***
ADAGON HEAVYFOOT não tem
dificuldade para entrar em Fatyir. Aquele não costuma ser o ambiente frequentado
pelo halfling, mas ele já visitara o local uma ou outra vez desde que chegara a
Zandak e estava razoavelmente familiarizado com o centro da Aliança.
Devidamente revistado, ele entra
e começa a procurar por Damax e seu contratante nos ambientes da casa. Não
achando, resolve esperar no salão de leilões.
***
É engraçado quando duas pessoas
cruzam olhares e nem imaginam que aquele momento uma saga em comum é iniciada. BAL
BUURTHA e ADAGON HEAVYFOOT, aparentemente apenas estavam no mesmo local, Fatyir,
mas na verdade se encontravam pela primeira vez.
Certo momento da noite, quando BAL
BUURTHA já estava com um grupo grande na sua mesa, ADAGON HEAVYFOOT decide dar
uma nova volta no estabelecimento e acaba encontrando seu colega de guilda
Damax junto com um anão.
-Aí está você – reclama Damax.
-Estava esperando vocês. – O
halfling olha para o anão ao lado e cumprimenta: -Olá, sou ADAGON HEAVYFOOT. O
senhor deve ser o nosso...
-Belugondur, nosso contratante –
interrompe o outro ladino. –Venha, ADAGON HEAVYFOOT, vamos nos sentar onde
possamos conversar.
O anão, calado como os anões são,
permaneceu aéreo à conversa, deixando sempre Damax falar. Enquanto os dois
ladinos conversavam Belugondur parecia captar algo no ar, como se algo
invisível lhe falasse.
Os três escolhem uma mesa no
ambiente mais calmo e sigiloso de Fatyir, o salão central. A mesa, protegida
por paredes de madeira e com luz baixa, dão a privacidade necessária para sua
conversa.
Uma garçonete percebe a chegada
de novos clientes e os atende antes de começarem a conversar.
-Hunt lhe explicou sua parte na
missão, ADAGON HEAVYFOOT?
-Sim, eu terei que recuperar um
papiro onde quer que ele se encontre no lar dos Náilo.
-Exato. Enquanto eu cuido deles.
Teremos dois a três dias de viagem a pé até Daeron e lá observaremos a rotina
da casa, quantas pessoas são, quais as entradas e saídas.... Não tenho pressa
quando se trata de uma missão perigosa. De acordo?
-Sim –Responde o halfling.
Enquanto provam as bebidas
pedidas, o anão explode, levantando-se rapidamente e gritando:
-FUJAM! AGORA!
***
No salão de leilões, pessoas
chegam a todo momento e sentam-se às mesas desocupadas. Para a mesa em que
estavam chegam um zeniano idoso e envolto em uma luminosa aura chamado Mifune e
uma elfa exilada chamada Dír’hirrien Náilo.
BAL não entende completamente a
conversa dos cinco anciões, mas acaba por descobrir que todos ali estão ligados
de alguma maneira. Chamam-se de Iluminados e vivem nos mais distantes locais de
Maedar. Eles também falam de outras pessoas denominadas Predestinados. Estas
pessoas, segundo eles, serão responsáveis por reunir e concretizar as profecias
dos pergaminhos. Neste momento, a elfa olha para BAL e perguntam:
-Você é o Predestinado escolhido
de Oshummaê. Você aceita esta missão?
-...
Antes de responder, Grazzia, como
se farejasse algo no ar, exclama:
-Belugondur está aqui!
De pronto, todos saltaram da mesa
como se um grande perigo os acossasse. Como estavam sem armas, apenas começaram
a revistar os outros ambientes em busca do seu nêmesis. O grande guerreiro
dotan, alerta do perigo oculto que os rodeava, mas sem entender o que buscavam,
segue seu líder até o salão de encontros. Lá eles escrutinam o local.
Em certa mesa, mais ao centro,
existe uma movimentação que alarma Oshu e BAL. Este saca sua corrente com
cravos do pescoço e desfere um ataque à pessoa lá de dentro, mas erra. Da mesa
que estava virada emana uma energia que Oshu e os outros atestam: Belugondur
estava ali.
Ato contínuo, chegam os
seguranças e rendem o grupo (exceto Mifune, que desaparecera). Oshu impede seu
pupilo de reagir e este entrega sua arma.