26 de dez. de 2016

12ª Sessão

Soyuigê é, segundo as lendas, a cidade sagrada dos Dotans. Acredita-se que ela está escondida entre montanhas e um desfiladeiro de uma ilha do arquipélago dotan e é o lar de seres de linhagens ancestrais e de segredos de eras antigas.
Lá vivem muitos homens e mulheres fortes, leais e justos, guerreiros valorosos e curandeiros poderosos. Acima de toda este povo existe uma linhagem real muito nobre e respeitada encabeçada por Oshummaê.

Os dotans parecem alheios a toda a confusão entre os reinos humanos de Maedar. A sua preocupação é muito maior do que as intrigas políticas do Conglomerado e da Aliança. Oshummaê deixa claro a todo o seu povo qual o real perigo de Maedar: a inexistência da magia e a falta dos deuses.
-O que impede de seres malignos entrarem e destruírem Maedar? -Discursava certa vez o líder.  - Não temos mais os deuses para nos proteger nem a magia para nos resguardar! Isto é muito perigoso e bem sabemos que não estamos sós neste universo. Se Akhitai regressar das profundezas ou se outros seres surgirem de outros mundos, que forças teremos para resistir? Seria o fim dos tempos! Precisamos fazer algo a respeito!
Três dias após este discurso no conselho dos anciões Dotan, o líder chamou um de seus guerreiros mais fortes, BAL BUURTHA, e disse:
-Arrume sua bagagem. Preciso de você em uma missão muito importante. Partiremos ao amanhecer.
-Não tenho o que organizar, senhor. Estou sempre pronto para o chamado.
-Pois bem. Descanse. Amanhã, quando Babaluê retornar, partiremos.
Babaluê é um dos anciões mais respeitados do seu povo. Vive em uma das ilhas próximas de Soyouigê e é o encarregado de reger o povo quando Oshummaê ausenta-se.
No dia seguinte, BAL BUURTHA percebe que apenas ele e Oshummaê partiriam em uma pequena embarcação parecida com o trireme brookenstoniano. Durante a viagem, BAL BUURTHA percebeu que Oshu estava constantemente em transe e tinha a sua fronte envolta em uma pequena aura brilhante logo acima dos olhos.

Após alguns dias de viagem, o navio aporta em Zandak, a bela porta de entrada fluvial do reino de Murthaug.
***
A Guilda dos Ladrões de Zandak é bem conhecida e respeitada na cidade. Comandada por um homem chamando Tom, divide-se em dois braços: um encabeçado por Hunt, que trata de serviços mais simples de infiltração, furto e espionagem; e o outro, regido pelo mouro Alzir, onde trabalhos mais pesados, sujos e arriscados são contratados.
ADAGON HEAVYFOOT é um exímio ladino e um dos integrantes veteranos desta guilda. Halfling descendente dos Pés Pesados e órfão desde muito jovem, ele está cansado da remuneração baixa e de trabalhos mais simples. Decide conversar com Alzir solicitar um trabalho.
-Em que posso lhe ajudar, ADAGON? –Pergunta o mouro sem dar muita atenção ao halfling.
-Quero trabalho. -Diz resolutamente.
O sublíder da guilda analisa o pequeno ladino de cima abaixo e diz:
-Você já falou com Hunt?
-As missões dele não me interessam. Pagam muito pouco.
-Você sabe que nem todos os nossos membros tem o necessário para estas missões, não sabe? Você acha mesmo que é capaz?
-Tenho certeza que sim.
Após analisar novamente o halfling, Alzir começa a procurar algo em uma lista de papéis e parece achar o que procurava.
-Eis: tenho um caso de recuperação e finalização aqui perto, em Daeron.
-Recuperação e fina...
-A missão se subdivide em dois pagamentos: queremos que os atores recuperem um papiro e matem algumas pessoas. O contratante pagará 1.000 p.o por um papiro vermelho que se encontra no local, provavelmente num local de destaque da biblioteca, e 500 p.o pelo assassinato da família. A família, entretanto, é muito poderosa. São os Náilo.
ADAGON sabe muito bem quem são os Náilo. São uma das famílias mais influentes e poderosas de Daeron, o reino élfico do Império de Murthaug. A família, entretanto, é pequena, mas sua linhagem remonta o Vale de Niebo e os Altos Elfos.
-Com você irá um outro membro da nossa guilda. Você o conhece, é Damax. A noite ele levará o contratante a Fatyir e você os encontrará para discutirem o trabalho.
-Combinado. Mas e quanto à entrada ao estabelecimento? Ele não pagará? –Diz o halfling.
-Se você não consegue se infiltrar em Fatyir, acredito que você não seja capaz de realizar esta missão.
Sem conseguir nenhum dinheiro adiantado, o halfling se despede e espera anoitecer.

***
No movimentado porto de Zandak, Oshummaê e BAL BUURTHA descansam em uma pequena tenda/taverna próxima ao cais. O guerreiro tenta não demonstrar, mas se sente ao mesmo tempo incomodado e deslumbrado com o local: os cheiros, o barulho, as pessoas, as construções e edifícios, inclusive uma moça muito pequena (para ele), frágil e branca que chega e tenta seduzi-lo. Ele não perde o senso de dever, mas perde uma de suas espadas que fora furtado por essa moça. Oshummaê ri da situação e diz:
-Serve de experiência, BAL. Este lado do mundo é diferente de tudo o que você viu até agora. E é provável que você não volte tão cedo a Soyouigê.
O líder dotan então explica para seu pupilo parte do que está por vir e o que eles vieram fazer ali.
BAL BUURTHA viajara até Zandak para procurar um importante pergaminho que falava de uma profecia Weori, o povo exterminado do deus do fogo Weor. Este pergaminho está, segundo o velho, relacionado ao destino de Maedar. A noite os dois deviam se dirigir a um local chamado Fatyir e ali encontrariam amigos de ideais.
No ocaso os dois rumaram ao local citado. Foram praticamente os primeiros a chegar, apenas os funcionários e um ou outro visitante estavam no estabelecimento. BAL, esperto, pegou a sua arma, uma Corrente com Cravos, e a colocou ao redor do pescoço, como um colar. Na entrada o segurança achou estranho, mas o tamanho e a aparência do dotan o intimidou e ele nada disse.
Os dois se dirigiram ao último ambiente da casa: a sala de leilão. Lá encontraram uma pequena senhora que os recebeu com um sorriso meio desdentado e um forte abraço.
-Oshu! –Disse a idosa.
-Minha querida Grazzia! Como você foi de viagem?
-Tudo bem, graças aos deuses. E você? Como sempre, adiantado!
-Tão adiantado quanto você! – Riu. –A viagem foi tranquila, sem percalços. Veja: esta é BAL BUURTHA. Ele veio nos ajudar.
-Muito prazer, BAL BUURTHA. Chamo-me Grazzia!
-Olá.
-Vamos, sentem-se. Logo os outros chegarão.
Enquanto Oshummaê e Grazzia conversavam em uma língua desconhecida, o grande guerreiro dotan observava o ambiente. Não demorou para que ele reconhecesse um rosto feminino: o da moça que o roubava. Ao vê-lo, ela sobressaltou-se e saiu apressada do ambiente. BAL anotou mentalmente a presença da moça ali, mas nada fez.
Logo chegou um imponente kuddur. Ele é apresentado a BAL BUURTHA como _________, um dos líderes de tribo kuddur. Eles continuam a conversar e BAL BUURTHA vê um pequeno ser entrar no ambiente e observar a todos.

***
ADAGON HEAVYFOOT não tem dificuldade para entrar em Fatyir. Aquele não costuma ser o ambiente frequentado pelo halfling, mas ele já visitara o local uma ou outra vez desde que chegara a Zandak e estava razoavelmente familiarizado com o centro da Aliança.
Devidamente revistado, ele entra e começa a procurar por Damax e seu contratante nos ambientes da casa. Não achando, resolve esperar no salão de leilões.

***

É engraçado quando duas pessoas cruzam olhares e nem imaginam que aquele momento uma saga em comum é iniciada. BAL BUURTHA e ADAGON HEAVYFOOT, aparentemente apenas estavam no mesmo local, Fatyir, mas na verdade se encontravam pela primeira vez.
Certo momento da noite, quando BAL BUURTHA já estava com um grupo grande na sua mesa, ADAGON HEAVYFOOT decide dar uma nova volta no estabelecimento e acaba encontrando seu colega de guilda Damax junto com um anão.
-Aí está você – reclama Damax.
-Estava esperando vocês. – O halfling olha para o anão ao lado e cumprimenta: -Olá, sou ADAGON HEAVYFOOT. O senhor deve ser o nosso...
-Belugondur, nosso contratante – interrompe o outro ladino. –Venha, ADAGON HEAVYFOOT, vamos nos sentar onde possamos conversar.
O anão, calado como os anões são, permaneceu aéreo à conversa, deixando sempre Damax falar. Enquanto os dois ladinos conversavam Belugondur parecia captar algo no ar, como se algo invisível lhe falasse.
Os três escolhem uma mesa no ambiente mais calmo e sigiloso de Fatyir, o salão central. A mesa, protegida por paredes de madeira e com luz baixa, dão a privacidade necessária para sua conversa.
Uma garçonete percebe a chegada de novos clientes e os atende antes de começarem a conversar.
-Hunt lhe explicou sua parte na missão, ADAGON HEAVYFOOT?
-Sim, eu terei que recuperar um papiro onde quer que ele se encontre no lar dos Náilo.
-Exato. Enquanto eu cuido deles. Teremos dois a três dias de viagem a pé até Daeron e lá observaremos a rotina da casa, quantas pessoas são, quais as entradas e saídas.... Não tenho pressa quando se trata de uma missão perigosa. De acordo?
-Sim –Responde o halfling.
Enquanto provam as bebidas pedidas, o anão explode, levantando-se rapidamente e gritando:
-FUJAM! AGORA!

***
No salão de leilões, pessoas chegam a todo momento e sentam-se às mesas desocupadas. Para a mesa em que estavam chegam um zeniano idoso e envolto em uma luminosa aura chamado Mifune e uma elfa exilada chamada Dír’hirrien Náilo.
BAL não entende completamente a conversa dos cinco anciões, mas acaba por descobrir que todos ali estão ligados de alguma maneira. Chamam-se de Iluminados e vivem nos mais distantes locais de Maedar. Eles também falam de outras pessoas denominadas Predestinados. Estas pessoas, segundo eles, serão responsáveis por reunir e concretizar as profecias dos pergaminhos. Neste momento, a elfa olha para BAL e perguntam:
-Você é o Predestinado escolhido de Oshummaê. Você aceita esta missão?
-...
Antes de responder, Grazzia, como se farejasse algo no ar, exclama:
-Belugondur está aqui!
De pronto, todos saltaram da mesa como se um grande perigo os acossasse. Como estavam sem armas, apenas começaram a revistar os outros ambientes em busca do seu nêmesis. O grande guerreiro dotan, alerta do perigo oculto que os rodeava, mas sem entender o que buscavam, segue seu líder até o salão de encontros. Lá eles escrutinam o local.
Em certa mesa, mais ao centro, existe uma movimentação que alarma Oshu e BAL. Este saca sua corrente com cravos do pescoço e desfere um ataque à pessoa lá de dentro, mas erra. Da mesa que estava virada emana uma energia que Oshu e os outros atestam: Belugondur estava ali.
Ato contínuo, chegam os seguranças e rendem o grupo (exceto Mifune, que desaparecera). Oshu impede seu pupilo de reagir e este entrega sua arma.


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