Demorou, mas saiu o registro da última sessão!
31 de out. de 2016
28 de out. de 2016
27 de out. de 2016
Por trás da Fantasia: Neto, o Monge
O que falar deste jogador que chegou agora, mas que já foi tanta coisa na vida?
Monge marcando o tempo de um peido pro outro!
Se vai peidar, peide veloz pra não desgastar as pregas!
15 de out. de 2016
CONTOS DE UM ANÃO - II
ALLAMAK
O primeiro destino de Belugondur,
o Feio, era a capital moura Baten Kaitos. Para isso, ele precisava atravessar
as montanhas mineiras, parar em Tabit, atravessar o Deserto dos Fortes seguindo
para noroeste até chegar em Alzir. Lá precisaria atravessar o rio Nehir e
continuar a norte até chegar à capital. Era uma viagem demorada e muito
perigosa, ainda mais se feita sozinho.
O primeiro trecho da viagem foi
relativamente fácil. Por conhecer a região mineira, o nosso anão sabia os
caminhos até Tabit (ele mesmo já tinha ido uma ou duas vezes à rica cidade com
Dummek para comprar mantimentos).
Em Tabit, Belugondur dirigiu-se
ao bairro anão. Dummek o apresentara tempos atrás ao ferreiro Mohrím, um
guerreiro aposentado que agora apenas forjava armas, e foi para quem o nosso
anão pediu estadia.
-Em respeito a meu amigo Dummek
você pode ficar aqui quantos dias quiser, garoto.
-Obrigado, senhor. No que puder
ajudá-lo, estarei à disposição.
-Comece por trazer aquela pilha
de madeira para perto da fornalha. Quando você acabar deve ser o tempo que o
jantar estará pronto. Junte-se a nós. A comida é pouca e ruim, mas bastará. É
melhor do que comer ratazanas nas ruas.
Os dias passaram e a estadia que
devia ser curta, tornara-se indefinida. Belugondur mostrava inteligência e
força que Mohrím aproveitava. A lealdade e a atenção do anão para com a família
e a casa do ferreiro minimizavam o comportamento estranho e as conversas sem
sentido do visitante. Ele se tornou a “mascote” da casa mesmo sem se aperceber.
Mohrím o ensinou o ofício da
forja e o iniciou no treinamento em armas. Mostrando-se metódico e detalhista,
Belugondur demorava a fabricar suas peças, mas elas saiam com qualidade acima
da média e logo o estabelecimento prosperou. Seu processo de criação recebia
conselhos das vozes que o acompanhavam. Com o passar dos anos ele forjava armas
que nunca tinha visto e armaduras de todas as formas. Ficou relativamente famoso
no bairro e quase esqueceu do sonho de conhecer Baten Kaitos.
O Feio era afeito a lanças,
glaives, tridentes e armas de longo alcance, como bestas. Ele odiava machados e
espadas (no seu subconsciente, o assalto sofrido quando criança o traumatizara
de diversas maneiras e uma delas foi não aceitar empunhar as armas utilizadas
pelos saqueadores) e raramente utilizava escudos. Suas lanças eram as mais
bonitas de toda Tabit e chamaram a atenção de um oficial dos Lâminas do
Deserto.
Este Lâmina adquiriu uma de suas
peças e partiu sem nada dizer, regressando com seu superior luas depois. Eles
ofereceram a Mohrím uma quantia pelo seu assistente. O ferreiro, embora afeito
a Belugondur, conhecia a fama dos temidos Lâminas e sabia que a oferta era
meramente um reconhecimento pelo valor do rapaz. Eles iriam levá-lo de qualquer
maneira. Foi assim que Belugondur foi para o Quartel das Almas.
O Quartel das Almas recebeu este nome muitos anos depois (e muito por
causa da atuação de Belugondur). Era um antigo castelo mouro situado em alguma
parte do Deserto dos Fortes que estava sendo transformado em quartel para os
Lâminas do Deserto. Para lá ainda hoje são recrutados homens de Allamak, além
de receber criminosos e máltavos capturados.
O misterioso Quartel das Almas assim é chamado devido ao estado dos que
regressam de lá. Dizem que os que lá estiveram tiveram sua alma destruída. São
os Lâminas do Deserto ou suas vítimas. Acredita-se que o local fica em uma
perigosa área de areias movediças e ele geralmente é escondido pela ação do
vento nas dunas. Os que acham este local geralmente estão perdidos e logo são
capturados pelos Lâminas.
Belugondur chegara assustado ao
local e, alguns dias após sua chegada, descobriu que fora comprado para ser o
ferreiro. A primeira parte de sua estadia no quartel iniciara.
Vivia em um pequeno cômodo atrás
da oficina e dividia espaço com o carvão, mas nada daquilo lhe incomodava. Ali
ele tinha alimentação e um colchão de palha e ferramentas. Na oficina, mandava
ele. Claro, existiam demandas, mas ele tinha todos os recursos desejados.
Quando não estava trabalhando ele
recebia treinamento junto com os outros Lâminas. Muitos Lâminas também eram ou
se tornavam loucos com o passar do tempo, então ninguém reparava se ele falasse
sozinho e isso fazia com que ele se sentisse à vontade e se soltasse. Ali ele
não era mais um pária ou uma mascote, era um igual.
O lar dos Lâminas crescia com o
apoio do Sultão e os conflitos com Maltávia eram cada vez maiores. Prisioneiros
de guerra chegavam a todo momento e muitos recrutas eram trazidos de toda
Allamak, pois tão logo eles terminassem o treinamento já saíam do Quartel para
cumprir missões.
Dois aprendizes foram designados
para Belugondur. Juntando com as vozes que habitavam a mente do anão, existiam
seis seres trabalhando na loja de ferramentas. Os garotos eram educados embora
não fossem muito inteligentes. O anão confabulou com os seus companheiros
ocultos e decidiu dar uma boa finalidade para um deles: iria testar suas
criações no aprendiz menos eficaz. Na manhã seguinte, informa que após certo
período de treinamento o que forjasse a melhor espada receberia um prêmio e o
outro seria penalizado. Acabado o prazo, o perdedor sumiu e nunca mais foi
visto.
O ferreiro mestre recebeu mais
dois aprendizes, fez o mesmo jogo com eles e continuou a fazer até que formou
uma bela equipe de ferreiros. Então ele falou com o seu superior e pediu para
visitar alguns prisioneiros. Disse saber extrair qualquer informação do cativo.
Iniciava a segunda e mais cruel parte da estadia do Feio no Quartel das Almas.
Belugondur não era mais chamado
de Feio. Era conhecido entre os Lâminas do Deserto por Lâmina de Dor. Os
prisioneiros temiam-no, pois sabiam que ele forjava e arquitetava todas as
torturas, e que suas lâminas estavam afiadas ao limite.
Cada vez mais o anão era
respeitado e logo se tornara um dos maiores torturadores de que o Quartel das
Armas teve notícia. A voz maligna crescia cada vez mais dentro dele e ali ele
parecia descontar todas as frustrações de sua vida: a traição de Rurda e de
seus irmãos, a falta de amor de sua mãe, a segregação em seu vilarejo, os
saqueadores...
Eis que algo muito estranho
ocorreu com o anão neste período: sua mãe apareceu em seu sonho. Ela estava
suja na região genital, muito branca, magra, cheia de veias necrosadas e
parecia irada e cheia de remorso ao mesmo tempo.
-Maldito! Você matou meus filhos!
Seu imundo! Eu te odeio! – Explodia com impropérios e começava a chorar –
Perdão, perdão! Foi tudo culpa minha! Eu devia ter sido uma mãe melhor….
Belugondur, meu filhinho amado, perdoe a mamãe. E acordava.
Durante uma lua Belugondur
sonhara a mesma coisa e acordava com nítidos detalhes do encontro. Ele
acreditava que aquilo era real e as vozes se calaram durante este período, mas
não conseguia se comunicar com sua mãe. Adoeceu, ficou acamado e começou a
definhar.
Certo dia, durante o sonho, criou
coragem e falou com sua genitora. Externou tudo o que sentia e ela fugiu. Ele a
seguiu e então estavam no antigo lar, todo queimado com os irmãos incendiados,
mas estranhamente vivos a gemer e se contorcer. Lá ele recolheu todos e os
tratou. Esta foi a última vez que sonhara com a família.
Manhã seguinte, sem entender o
que acontecera e sem as costumeiras vozes, Belugondur tornara-se diferente. A
experiência o modificara e ele largou os Lâminas. Na verdade, ele desertou e fugiu rumo a Baten Kaitos. Seus legados foram ferreiros excelentes que tornaram os
Lâminas famosos por suas armas magníficas e métodos de tortura eficazes que
definiram diretrizes e formas de obter informações dos prisioneiros.
10 de out. de 2016
CONTOS DE UM ANÃO
POR VOLTA DE 5.800
Na árida Allamak, mais
precisamente em um pequeno vilarejo próximo da Região das Minas, nasceu um anão
chamado Belugondur. Quinto filho de uma rameira, Belugondur foi criado em um
casebre próximo ao local de trabalho de sua mãe. Obviamente, seu pai não era
conhecido, e como era muito feio, diziam que ele era a mistura de todos os
homens que sua mãe se deitara nos meses de gestação. Era esquálido, talvez pela
subnutrição e por quase não ter mamado, mas era alto para os padrões de sua
raça e muito chorão.
Ainda bebê o anão foi entregue aos
cuidados da irmã mais velha, Rurda. Sua genitora não podia perder tempo com
“distrações”, afinal o que os sustentava era o seu ofício e seus clientes adoravam
os fartos seios com leite da anã. Rurda foi o mais próximo de amor maternal que
teve e ele a amava muito. Todavia fosse relapsa, alcóolatra e uma péssima mãe,
existiam momentos em família naquele lar. A genitora contava histórias da
lendária montanha dos anões conhecida como Bjerg Dvellum e de outros locais de
Maedar e lendas que ela mesmo ouvia de seus clientes e dos viajantes da taverna.
O vilarejo não tinha nome e era
muito mais um grande acampamento dos mineradores do que outra coisa. Por ser
bem próxima da entrada de uma mina, a população era predominantemente masculina
e vivia da extração de minérios (que seriam enviados para a cidade de Tabit, a
noroeste das montanhas). O local era perigoso, sujo e pobre e a lei era
definida pelos mineradores. A exploração, entretanto, não era grande ali, pois
todos os habitantes estavam em pé de igualdade social e financeiramente, quer
fossem humanos ou anões.
Um dia saqueadores destruíram seu
lar e a família passou duas luas dentro de uma gruta (descoberta por um dos
irmãos) a duas milhas da casa antiga, próximo ao Deserto Negro. Seus irmãos
mais velhos reconstruíram o casebre enquanto o garoto tinha pesadelos com o
assalto. Ele estava totalmente assustado e choramingava até não poder mais. Era
uma criança covarde, medrosa e melindrosa.
Neste período ele passava ainda
mais tempo sozinho e a interação que antes era com as pedras, tornou-se dentro
de sua cabeça. A revolta em ter medo fazia com que brigasse consigo mesmo, pois
tinha um certo senso de justiça dentro de si. As conversas mais para frente se
tornaram discussões e então vozes alheias aos seus pensamentos e raciocínios
começaram a florir em sua mente, influenciando a criança em diversas
circunstâncias de sua vida. O vilarejo não tardou a taxá-lo de louco.
Durante sua adolescência ele
profetizou a morte de sua mãe. Uma doença venérea a atingiu e então seus
parentes ficaram assustados. Uma coisa é um irmão louco, outra totalmente
diferente é um “amaldiçoado”, pensavam eles. A família era pedinte, mas como o
caçula se tornava cada vez mais louco aos olhos da sociedade, perdera sua
utilidade e se transformara em um fardo que os irmãos não podiam e queriam
arcar. Rurda foi quem deu a ideia de expulsar o irmão mais novo de casa. Esta
foi a primeira traição da vida de Belugondur e o marcou profundamente.
Expulso do lar e malquisto na
sociedade, cheio de vozes na cabeça e de ódio no coração, Belugondur mendigou
pela Região das Minas até conhecer Dummek, um anão minerador. Ele alimentou e
conseguiu um lugar para o garoto nos sítios mineiros.
Belugondur cresceu e ficou forte.
Ganhou o apelido “Feio” de seus companheiros mineradores. Sobreviveu e teve
relativa paz neste período, mesmo que seu único amigo fosse Dummek. Vivia na
antiga caverna da sua infância e conversava consigo sempre que podia, alheio ao
mundo. Quando estava muito cansado, dormia na mina. A voz sensata que lhe
visitava a mente lhe influenciou a juntar dinheiro, ir embora dali e quem sabe
conhecer os locais que a mãe contava. A maligna sugeriu que ele matasse Dummek
para conseguir as últimas moedas de ouro, mas se tem uma coisa que este anão é,
é leal. Ou talvez fosse sua covardia que não permitisse.
Antes de sair da Região das
Minas, o filho da rameira voltou ao seu antigo lar e, na calada da noite, se vingou
de todos os parentes que o traíram. Ele queimou a casa com todos dentro.
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