“É bom aprender com os próprios fracassos, mas eu prefiro
aprender com os fracassos dos outros. ”
Deveríamos regressar - insistiu Gerrad quando os bosques
começaram a escurecer ao redor do grupo.
– Esses aí já eram.
-Os mortos o assustam? - Perguntou Fingol Silverleaf com não
mais do que uma sugestão de sorriso no rosto.
Gerrad não mordeu a isca. Era um homem velho, com mais de
cinquenta anos, e vira os nobres chegar e partir.
Um morto é um morto - respondeu. - Nada temos a tratar com
os mortos.
Mas estão mortos? - Perguntou Fingol com suavidade que um
Elfo nobre pode ter. - Que prova temos disso?
-Will os viu - disse Gerrad. - Se ele diz que estão mortos,
é prova suficiente para mim.
Will já sabia que o arrastariam para a disputa mais cedo ou
mais tarde. Desejou que tivesse sido mais tarde.
-Minha mãe disse-me que os mortos não cantam - contou Will.
-Há coisas a aprender mesmo com os mortos - sua voz gerou
ecos, alta demais na penumbra da floresta – falou o Elfo.
Temos perante nós uma longa cavalgada - salientou Gerraed. -
Oito dias, talvez nove. E a noite está para cair.
O Fingol Silverleaf olhou o céu de relance, com
desinteresse.
-Isso acontece todos os dias por esta hora. Você perde a
virilidade com o escuro, Gerrad?
Will via o aperto em torno da boca de Gerrad, a ira só a
custo reprimida nos olhos que espreitavam sob o espesso capuz negro de seu
manto. Ele passara vinte anos nos Atiradores Estrelares, em homem e em rapaz, e
não estava acostumado a ser desvalorizado. Mas era mais do que isso. Will
conseguia detectar no homem mais velho algo mais sob o orgulho ferido. Era
possível sentir-lhe o gosto: uma tensão nervosa que se aproximava perigosamente
do medo.
Will partilhava o desconforto do outro homem. Mas o elfo estava
resoluto e obstinado a pesar do frio que ceifava qualquer coragem.
-Está vendo? Eles foram mortos recentemente – comentou
Silverleaf – mas tem algo estranho.
-Vamos lá Silverleaf, já achamos o que aconteceu com essa
caravana agora temos que reportar ao tribunal e deixamos eles decidirem somos
apenas recrutas – Will sabia que o elfo não iria fazer somente o que foi
ordenado, nesses anos todos sabia que o príncipe de Lotharion sempre ia além em
suas missões, mas é obvio que essa informação poucos sabiam apenas aqueles que
eram seus irmãos de armas e o alto escalão sabia de sua herança real, e somente
os melhores elfos conseguiriam entrar para a tropa de elite de Lotharion os
temidos Elohim Ranger (a ordem dos Arqueiros Arcanos do país Lotharion é uma
ordem complexa que aceita apenas nobres elfos e que tenham passado pelos
atirados estrelares e cumprido muitas missões), mas os seus irmãos de armas
nunca entenderiam o quanto aquilo significava para Fingol, eles não sabiam que
o elfo sentia a magia e a dominava em pequeno grau, na verdade ele sempre a
teve, mas agora era diferente ele compreendia os livros antigos de seu antigo
pai, destronado e assassinado por seu próprio tio. Digo antigo pois Fingol
aceitou Elohim como o verdadeiro pai e jurou um dia se vingar de seu tio, que o
deixou para morrer, mas essa é uma outra história o que importa é que seu tio
realmente acha que ele esteja morto.
-Eu disse que o mundo está mudando, olhem ali – diz Fingol
apontando para um moribundo deitado sob uma cratera de neve, não era tão
grande, mas o suficiente para caber o defunto.
-O que tem ele? Ele está morto todos estão Will já
verificou, vamos logo com isso.
-Ele foi morto por magia caro Gerrad, nossa ordem é a
guardiã e protetora da magia e vocês deveriam saber disso.
-Disso eu sei, mas para que serve essas lendas se ninguém
consegue usa-la, os Deuses nos abandonaram Silverleaf –antes de completar a
frase Fingol faz um sinal para ficarem em silencio e se esconderem o mais
rápido possível. Gerrad e Will ficaram ali por alguns segundos assimilando a
ordem, eles não sabiam se era o frio que o fizeram ficar parados ou
simplesmente o medo. Fingol com sua grande habilidade e suavidade rapidamente
some da visão dos dois. Will que segurava uma lamparina rapidamente a deixa no chão
e sai em direção oposta que o elfo foi Gerrad tenta encobir as pegadas e a
lamparina o mais rápido que ele podia fazer, mas era tarde. O vento gélido
apagou a lamparina, não o vento normal e sim um vento típico de bater asas.
-HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – Gerrad não viu nem o que
aconteceu, mas todo o seu corpo estava em chamas e o medo percorreu por todo o
seu ser, ali ele sabia que era seus últimos momentos e eram aterrorizantes e
muito doloroso. Ele estava em chamas. Will só avistara seu amigo pegar fogo,
mas Fingol viu com seus próprios olhos a criatura se aproximar e atear fogo em
Gerrad, e não poderia fazer nada contra um monstro daquele tamanho, e ele estava
correto a magia estava voltando e com ela tudo que ela compreende.
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