27 de out. de 2016

Fingol Silverleaf


“É bom aprender com os próprios fracassos, mas eu prefiro aprender com os fracassos dos outros. ”


Deveríamos regressar - insistiu Gerrad quando os bosques começaram a escurecer ao redor do grupo. 

– Esses aí já eram.

-Os mortos o assustam? - Perguntou Fingol Silverleaf com não mais do que uma sugestão de sorriso no rosto.

Gerrad não mordeu a isca. Era um homem velho, com mais de cinquenta anos, e vira os nobres chegar e partir.

Um morto é um morto - respondeu. - Nada temos a tratar com os mortos.

Mas estão mortos? - Perguntou Fingol com suavidade que um Elfo nobre pode ter. - Que prova temos disso?

-Will os viu - disse Gerrad. - Se ele diz que estão mortos, é prova suficiente para mim.

Will já sabia que o arrastariam para a disputa mais cedo ou mais tarde. Desejou que tivesse sido mais tarde.

-Minha mãe disse-me que os mortos não cantam - contou Will.

-Há coisas a aprender mesmo com os mortos - sua voz gerou ecos, alta demais na penumbra da floresta – falou o Elfo.

Temos perante nós uma longa cavalgada - salientou Gerraed. - Oito dias, talvez nove. E a noite está para cair.

O Fingol Silverleaf olhou o céu de relance, com desinteresse.

-Isso acontece todos os dias por esta hora. Você perde a virilidade com o escuro, Gerrad?

Will via o aperto em torno da boca de Gerrad, a ira só a custo reprimida nos olhos que espreitavam sob o espesso capuz negro de seu manto. Ele passara vinte anos nos Atiradores Estrelares, em homem e em rapaz, e não estava acostumado a ser desvalorizado. Mas era mais do que isso. Will conseguia detectar no homem mais velho algo mais sob o orgulho ferido. Era possível sentir-lhe o gosto: uma tensão nervosa que se aproximava perigosamente do medo.

Will partilhava o desconforto do outro homem. Mas o elfo estava resoluto e obstinado a pesar do frio que ceifava qualquer coragem.

-Está vendo? Eles foram mortos recentemente – comentou Silverleaf – mas tem algo estranho.

-Vamos lá Silverleaf, já achamos o que aconteceu com essa caravana agora temos que reportar ao tribunal e deixamos eles decidirem somos apenas recrutas – Will sabia que o elfo não iria fazer somente o que foi ordenado, nesses anos todos sabia que o príncipe de Lotharion sempre ia além em suas missões, mas é obvio que essa informação poucos sabiam apenas aqueles que eram seus irmãos de armas e o alto escalão sabia de sua herança real, e somente os melhores elfos conseguiriam entrar para a tropa de elite de Lotharion os temidos Elohim Ranger (a ordem dos Arqueiros Arcanos do país Lotharion é uma ordem complexa que aceita apenas nobres elfos e que tenham passado pelos atirados estrelares e cumprido muitas missões), mas os seus irmãos de armas nunca entenderiam o quanto aquilo significava para Fingol, eles não sabiam que o elfo sentia a magia e a dominava em pequeno grau, na verdade ele sempre a teve, mas agora era diferente ele compreendia os livros antigos de seu antigo pai, destronado e assassinado por seu próprio tio. Digo antigo pois Fingol aceitou Elohim como o verdadeiro pai e jurou um dia se vingar de seu tio, que o deixou para morrer, mas essa é uma outra história o que importa é que seu tio realmente acha que ele esteja morto.

-Eu disse que o mundo está mudando, olhem ali – diz Fingol apontando para um moribundo deitado sob uma cratera de neve, não era tão grande, mas o suficiente para caber o defunto.

-O que tem ele? Ele está morto todos estão Will já verificou, vamos logo com isso.

-Ele foi morto por magia caro Gerrad, nossa ordem é a guardiã e protetora da magia e vocês deveriam saber disso.

-Disso eu sei, mas para que serve essas lendas se ninguém consegue usa-la, os Deuses nos abandonaram Silverleaf –antes de completar a frase Fingol faz um sinal para ficarem em silencio e se esconderem o mais rápido possível. Gerrad e Will ficaram ali por alguns segundos assimilando a ordem, eles não sabiam se era o frio que o fizeram ficar parados ou simplesmente o medo. Fingol com sua grande habilidade e suavidade rapidamente some da visão dos dois. Will que segurava uma lamparina rapidamente a deixa no chão e sai em direção oposta que o elfo foi Gerrad tenta encobir as pegadas e a lamparina o mais rápido que ele podia fazer, mas era tarde. O vento gélido apagou a lamparina, não o vento normal e sim um vento típico de bater asas.

-HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – Gerrad não viu nem o que aconteceu, mas todo o seu corpo estava em chamas e o medo percorreu por todo o seu ser, ali ele sabia que era seus últimos momentos e eram aterrorizantes e muito doloroso. Ele estava em chamas. Will só avistara seu amigo pegar fogo, mas Fingol viu com seus próprios olhos a criatura se aproximar e atear fogo em Gerrad, e não poderia fazer nada contra um monstro daquele tamanho, e ele estava correto a magia estava voltando e com ela tudo que ela compreende.

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